quinta-feira, 11 de junho de 2009

É Tempo...

É Tempo de visitar de mansinho
A minha casinha das bonecas,
É tempo de percorrer com carinho
As minhas ilhas descobertas.

É tempo de rever rostos,
Recordar e deixar-me ser aprendiz;
É tempo de ver em cada rosto
Pedras de um templo que se diz feliz.

Não é tempo de voltar atrás,
Mas tempo de visitas diferentes;
É tempo de crescer e perceber
Que a vida se faz de conquistas permanentes.

É tempo de mais e mais visitas,
É tempo de mais e mais brilhos,
É tempo de saborear e contemplar
O sabor de reconhecer os Amigos.


Teresa Alves Isidorinho
11-5-2007

Prefácio... "Para quê?"

PREFÁCIO

São vários os motivos que nos levam a escrever... são também vários os sonhos que regem a nossa escrita, mas, acima de tudo, é fundamental experimentarmos o prazer de escrever...
A escrita é uma forma de nos conhecermos, de nos definirmos no mundo em que vivemos. É, por isso, uma aprendizagem constante, um trabalho de busca permanente da melhor palavra, da melhor forma de dizer e combinar as palavras... uma investigação funda, cheia de dúvidas e hesitações, no sentido de revolver a língua em busca de verdadeiros tesouros de expressão. Mas é, por isso mesmo, um caminho excelente para nos encontrarmos com nós próprios, com os outros, com o sentido da humanidade... Por isso nos diz Florbela Espanca que “Ser poeta é ser mais alto”, e é-o de facto: aquele que escreve tem por missão ‘traduzir’ os medos e as ambições, as alegrias e as tristezas, as memórias e os projectos futuros, não só seus, muito particulares, mas os do homem em geral. Porque, quando se escreve por paixão, com toda a alma, é na escrita do “poeta” que muitos se revêem, por um lado, encontram o ponto de partida para as suas reflexões, por outro, ou encontram até um motivo para também começarem a escrever.
Chamar poesia ao que o leitor irá encontrar neste livro não será talvez a melhor classificação, no entanto, no meu humilde pensar, poeta é todo aquele que abre a sua alma, nos faz abrir a nossa e nos motiva a escrever. E, como acredito que estamos perante uma poeta (ou poetisa, se assim preferirem), aqui estou para a apresentar: a Maria Carolina, para uns, ou a Zinha, para outros, é um ser de uma sensibilidade muito apurada, uma confidente por excelência e uma amiga incondicional. Por isso, caros leitores, o que ides encontrar nas páginas deste livro é a escrita de reflexões onde muitas vezes nos espelhamos, onde encontramos o alento para continuar a lutar pelos nossos sonhos e onde podemos rever um cais onde ir ter quando a fé nos falta ou nos salpica mais de mansinho. É um livro maduro, de pensamentos feitos palavra, que reúne a alma do homem enquanto poeta, do homem enquanto ser individual e social, do homem na sua totalidade.
Resta-me desejar-vos boas leituras, boas reflexões e, se possível, boas escritas futuras.

Teresa Alves Isidorinho
20 de Maio de 2004

Serão

No serão dos meus sonhos
a mesa era grande e coloquial.
jogávamos com a vida
e ela, fugidia,
esquivava-se
de modo natural.

Entrava, toda ela exuberante,
E seduzia-nos,
Cegos mortais.

Trazia-nos mensagens de outrora,
como se os nossos serões
fossem banais.

E sentava-se à nossa mesa
com aquele porte de menina caprichosa
tentando-nos convencer
que era verdadeira
que era nossa.

O serão prolongou-se noite dentro…

Quando nos apercebemos
ela esquivou-se
e dexou-nos
na desilusão,
no desalento.

Agora, visita-nos de vez em quando
e é cada vez mais
altiva,
mais fugidia.

São calmos os nossos serões,
mas nunca mais
o dia foi dia.

Teresa Alves – 2001

Porquê escrever?

A alma do Poeta
Revolta-se em turbilhões de tinta.
Tinta tão clara e tão bela, por vezes,
tão escura e tão enfadonha,
outras vezes.

Querer pintar a realidade
com toda a nitidez,
com a precisão de compasso e régua,
com a certeza de facas e bisturis,

Querer trazer a todos
a concreta franqueza
daquilo que vê
e traduz.

Mas as palavras são tão turvas,
tão traiçoeiras.

Corremos riscos, é claro,
mas vale a pena,
senão,
porquê escrever ?!…

Teresa Alves – 2001

Adeus

Recuso-me a dizer Adeus
a alguém que guardo sempre,
que me alenta,
me ilumina,
me guia.

Recuso-me a dizer Adeus
A alguém que tanto me deu
E dá.

Nunca me despedi de vez,
Porque não posso,
E não quero.

Não posso dizer Adeus, porque o sinto,
o vejo.

… … …

Não posso,
não quero,
e nunca vou dizer…ADEUS.

Teresa Alves – 2001

Um Livro Aberto

Pautava-nos pelo toque de justiça,
não uma norma impositiva
de carrascos ou inquisições,
mas uma presença serena
de compromissos,
emoções.

Não era necessário grandes sermões
Grandes teorias, frases feitas.

O seu olhar era decisivo e cheio,
Sem atropelos de hipocrisia e alucinações,
Tudo era límpido,
Tudo era certo,
Tudo era além.

A sua vida tornou-se um livro aberto
Para lermos,
E bebermos.
Para soletrarmos
E desfolharmos.

Partiu…não sei bem em que barco!…

Mas o livro ficou.

E todos os dias o leio,
E o trago sempre comigo.

Teresa Alves – 2001